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cores plenas, guarda a luz das origens. Uma vez mais : tudo o que ele lê, ele vê. Tudo o que medita - desenha, grava, inscreve na matéria, torna resplandecente de cor e de verdade. O PINTOR SOLICITADO PELOS ELEMENTOS * Antes da obra, o pintor, como todo criador, conhece o devaneio meditai).Le, o devaneio que medita sobre a natureza das coisas. Com efeito, o pintor vive de muito perto a reve- lação do mundo pela luz para participar, com todo seu ser, do nascimento incessantemente renovado de um universo. Nenhuma arte é tão diretamente criadora, manifestamente criadora, quanto a pintura. Para um grande pintor, que medita sobre o poder de sua arte. a cor é uma força criante. Ele sabe perfeitamente que a cor trabalha a matéria, que é uma verdadeira atividade da matéria, que a cor vive de uma constante troca de forças entre a matéria e a luz. Do mesmo modo, pela fatalidade dos sonhos primitivos, o pin- tor renova os grandes sonhos cósmicos que ligam o homem aos elementos, ao fogo, à água. ao ar celeste, à prodigiosa materialidade das substâncias terrestres. Por isso, para o pintor, a cor possui profundidade, es- pessura, desenvolvendo-se, ao mesmo tempo, numa dimensão de intimidade e numa dimensão de exuberância. Se, num momento, o pintor joga com a cor lisa, a cor unida, é para aumentar mais o volume de uma sombra, é para provocar noutra parte um sonho de profundidade íntima. Permanen- temente, durante seu trabalho, o pintor conduz sonhos si- tuados entre a matéria e a luz, sonhos de alquimista nos O PINTOR SOLICITADO 27 quais suscita substâncias, aumenta luminosidade^, modera os tons que resplandecem muito brutalmente, determina contrastes onde podem se revelar lutas de elementos. Os dina- mismos tão diferentes dos vermelhos e dos verdes dão teste- munho disso. Por outro lado, desde que aproximamos os temas alquí- micos fundamentais das intuições do pintor, ficamos im- pressionados com seu parentesco. Um amarelo de Van Gogh é um ouro alquímico, ouro colhido de mil flores, elaborado como um mel solar. Não é nunca simplesmente o ouro do trigo, da chama ou da cadeira de palha : é um ouro para sempre individualizado pelos intermináveis sonhos do gênio. Não pertence mais ao mundo, é antes o bem de um homem, o coração de um homem, a verdade elementar encontrada na contemplação de toda uma vida. Diante de tal produção de uma nova matéria, que reencontra por uma espécie de milagre as forças colorantes. cessam os debates sobre o figurativo e o não-figurativo. As coisas não são mais apenas pintadas e desenhadas. Elas nascem coloridas, nascem pela ação mesma da cor. Com Van Gogh, um tipo de ontologia da cor nos é subitamente revelado. O fogo universal marcou um homem predestinado. Esse fogo, no céu, justamente aumenta as estrelas. Até aí chega a temeridade de um elemento ativo, de um elemento que excita a matéria o bastante para dela fazer uma nova luz. 28 O DIREITO DE SONHAR Um dia, Claudc Monet quis que a catedral1 fosse ver- dadeiramente aérea aérea em sua substância, aérea no próprio coração de suas pedras. E a catedral tomou da bru- ma azulada toda a matéria azul que a própria bruma tomara do céu azul. O quadro de Monet está todo animado por essa transferência do azul, por essa alquimia do azul. Tal espécie de mobilização do azul mobiliza a basílica. Sinta-a. cm suas duas torres, tremer com todos os seus tons azuis no ar imenso; veja como responde, em suas mil nuanças de azul, a todos os movimentos da bruma. Ela possui asas, azuis de asa, ondulações de asas. Um pouco de seus contor- nos evapora-se e suavemente desobedece a geometria das linhas. A impressão de uma hora não produziu uma tal metamorfose da pedra cinza era pedra de céu. Foi necessá- rio que o grande pintor escutasse obscuramente as vozes alquímicas das transformações elementares. De um mundo imóvel de pedras ele fez um drama da luz azulada. Bem entendido, quando não se participa, do próprio fundo da imaginação dos elementos materiais, do caráter normalmente excessivo do elemento aéreo? não se conhece esse drama dos elementos, essa luta entre a terra e o céu. Acusa-se de irrealidade o quadro no próprio momento em que seria preciso, para se obter o benefício da contempla- ção, ir ao cenlro mesmo da realidade elementar, seguindo o pintor em sua vontade primitiva, em sua indiscutível con- fiança num elemento universal.
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